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Saúde mental: psicóloga destaca como identificar sinais de alerta 





07/01/2024

Mais um Janeiro Branco: mas, afinal, por que é tão importante falar sobre a saúde mental neste período? "Falar sobre saúde mental é sempre imensamente importante. É através dela que a pessoa experimenta o mundo, compreende e sente satisfação com a própria vida", justifica a psicóloga Dilce Helena Alves Aguzzi. E o que é "saúde mental"? Segundo a profissional, "é uma boa interação entre as experiências relativas ao interno, com toda a gama de sentimentos, emoções e pensamentos". Ela pondera: "Toda essa estrutura não é parada, ao contrário, vive em constante movimento e interfere em nossas percepções e interações com o mundo externo". Por isso, ressalta, é tão importante que haja campanhas como o Janeiro Branco. "Durante todo o mês diferentes aspectos da vida mental são salientados e propagados nas mais diversas mídias, atingindo de forma muito maior o público em geral", sustenta.

 

Entrevista
Bagé Agora - Como identificar que a própria saúde mental requer atenção?
Dilc
e - Sempre que algum tema em específico estiver excessivamente pressionando, preocupando, ou quando sentimentos, pensamentos e sensações desagradáveis estiverem perturbando a harmonia mental habitual. É importante atentar para a intensidade, duração e persistência destas percepções. A presença de irritabilidade ou ausência de satisfação em situações que anteriormente costumavam ser satisfatórias também são sinais importantes e que já justificam a busca por suporte, além de súbitas ou intensas mudanças de hábitos alimentares, de sono e de bem estar diante da vida.

 

Bagé Agora - Como perceber que não é só cansaço ou não é só tristeza, por exemplo, e sim sinais de alerta?
Dilce -
O cansaço que não é superado, que persiste por mais que o habitual, quando o descanso não está funcionando para recarregar as energias, quando a tristeza for percebida como um fardo pesado demais. Quando estes ou outros sinais de desconforto e sofrimento emocional estiverem também acompanhados de vergonha, desalento, pessimismo, desesperança ou falta de energia para resolver.

 

Bagé Agora - Hoje, na tua opinião, a rede de Saúde está preparada para acolher alguém disposto a receber ajuda? 
Dilce - Atualmente, a rede de Saúde está bastante equipada para esta demanda, desde as unidades básicas de Saúde (postinhos), onde os sinais podem ser identificados e direcionados a locais adequados de tratamento e acompanhamento, como os Centros de Atendimento Psicossocial, os Caps. Na rede pública, basta a pessoa se dirigir a um destes locais e será acolhida e encaminhada ao melhor tratamento disponível. 

 

Bagé Agora - Essa ajuda pode ser encontrada facilmente? 
Dilce - Embora a política de atenção à saúde mental tenha evoluído muito no Brasil nos últimos 50 anos e seja relativamente simples encontrar o local, conseguir atendimento e posterior acompanhamento, ainda existem pontos de dificuldades, como, por exemplo, as urgências psicológicas e psiquiátricas. Atualmente, os atendimentos ocorrem durante a semana em horário comercial. Creio que eu poderia te responder que sim, a ajuda pode ser encontrada facilmente quando tivermos um serviço de urgência e emergência em saúde mental, um Samu Mental, por exemplo. Isso seria o ideal. E campanhas de conscientização e valorização da saúde mental, como o Janeiro Branco, auxiliam e muito para que este assunto seja cada vez mais respeitado e valorizado, possibilitando o avanço em duas frentes essenciais: a prevenção em saúde mental e o acolhimento da crise (emergência).